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A Transformação da Educação Clássica
Publicado por Joabe De Juda

O que é Educação Clássica?

Educação Clássica é ler Homero e Platão, ou César e Cícero? Muitos educadores clássicos diriam que sim – ler tal literatura é uma parte essencial de uma educação clássica. Mas, será que um foco desenfreado em literatura clássica (Grega e Romana) nos leva a Cristo?

Nós definimos uma Educação Clássica de modo diferente. Nós seguimos um modelo e método clássico de educação (chamado de O Trivium), mas o nosso interesse na literatura humanista clássica é apenas eventual. Não queremos seguir estas três ferramentas de aprendizagem (idiomas clássicos, habilidade no pensar e habilidade na comunicação) de modo que possamos realmente ler como Homero, pensar como Aristóteles e falar como Demóstenes. Como Cristãos, queremos aprender idiomas, lógica e retórica de forma que possamos realmente ler, pensar e falar – ponto final! Queremos dominar estas proveitosas ferramentas, mas não queremos utilizá-las como os antigos Gregos e Romanos faziam. Eles utilizavam essas ferramentas para servir a tudo, exceto ao Deus vivo e verdadeiro. Os Gregos e Romanos pegaram estas ferramentas e as usaram para seguir seus próprios propósitos. Nós apenas estamos reivindicando o que é, por direito, a herança dos piedosos, limpando-a e devolvendo-a para servir a nosso Senhor. As Escrituras contêm tudo o que precisamos para testar toda palavra humana e reter o que for resgatável para uso piedoso. Antes de poder utilizar qualquer coisa – incluindo literatura clássica – devemos coar através da peneira crítica das Escrituras……


O Trivium em uma Cápsula

Por Harvey e Laurie Bluedorn. Copyright 2002. Todos os direitos reservados

Traduzido por Joabe de Judá Carvalho

O Trivium consiste nas três primeiras disciplinas formais das sete artes liberais: Gramática, Lógica e Retórica. Este é o Trivium formal no sentido clássico. O Trivium formal é uma reflexão acadêmica do, ainda mais básico, Trivium Bíblico: as capacidades mentais do Conhecimento, Entendimento e Sabedoria (* Veja a lista de referências bíblicas ao final deste artigo). O estilo clássico de educação é baseado nestas três capacidades mentais ou intelectuais:
Primeiro: receber e reunir informação – Conhecimento;
Segundo: organizar e conectar a informação em uma ordem lógica – Entendimento;
Terceiro: colocar essa informação reunida e ordenada dentro de uma expressão prática – Sabedoria.
Crianças estão continuamente se desenvolvendo no Conhecimento, Entendimento e Sabedoria. Apesar destas três capacidades serem mutuamente dependentes umas das outras e elas se desenvolverem na criança desde antes do nascimento, todavia as crianças atravessam diversas etapas de desenvolvimento ou níveis de aprendizagem, onde uma capacidade se destaca dentre as outras. Descreveremos estas etapas abaixo. Tenha em mente que nossa divisão etária não se dispões a ser a única possível. São apenas aproximações arbitrárias e podem variar bastante de criança para criança.

O Nível de Conhecimento (ou Fase da Gramática): antes do nascimento até os 12 anos
A criança está sempre aprendendo fatos, relacionando-os entre si e expressando estes fatos e relações de maneira prática. Mas existe, no entanto, uma ordem lógica e de desenvolvimento entre eles. Durante os primeiros anos (até os 10 anos), a criança está massivamente aprendendo a linguagem, construindo seu vocabulário e preenchendo sua compreensão básica do mundo. Essas crianças precisam de mais treinamento do que de ensino. Elas devem ser treinadas para terem autodisciplina e serem preenchidas com informação proveitosa. Isso estabelece uma base adequada para estudos mais formais posteriormente. Enquanto todas as três capacidades estão se desenvolvendo com o passar do tempo, a capacidade de Conhecimento cresce com mais destaque. Chamamos este período de intensa aprendizagem de fatos básicos de Nível de Conhecimento Inicial porque ele estabelece a base para o que vem adiante, que é o período mais intenso de construção do Conhecimento.
Por volta dos 9 ou 10 anos, estas crianças desenvolvem a capacidade de pensamento de modo mais abstrato. Elas alcançaram tal estado de maturidade que a lâmpada se acende e sua capacidade de Conhecimento se torna uma onda crescente dentro de um intenso período, onde a capacidade e a habilidade de estudo acadêmico formal de conteúdos relacionados ao Conhecimento são mais produtivas. Elas conseguem lidar com conceitos matemáticos abstratos. Conseguem discernir a diferença entre um substantivo e um verbo. Isto pode ser chamado de Nível de Conhecimento Final. As habilidades de Entendimento (raciocínio) estão começando a aumentar o seu ritmo de desenvolvimento neste nível, deste modo alguns classificam isso como o início do Nível de Entendimento. Mas isso é, de fato, apenas um período de aquecimento. Suas habilidades de Conhecimento devem se tornar cada vez mais desenvolvidas antes que as habilidades de Entendimento (raciocínio) ou Sabedoria (expressão prática) possam se desenvolver de forma mais rápida.
Enquanto a criança está no Nível de Conhecimento, focamos em ensiná-la as habilidades de compreensão, de receber informação com precisão, de reunir os fatos. O Conhecimento é transmitido através de narração e demonstração. Ele vem através dos sentidos. Desenvolvemos um vocabulário de fatos e regras. Neste nível, não necessitamos separar as matérias. Podemos combinar: 1) linguagem com literatura e belas-artes; 2) matemática com ciências naturais; e 3) história com geografia e estudos culturais. Nosso objetivo é desenvolver competência nas ferramentas de pesquisa: leitura, escuta, escrita, observação e medição.

O Nível de Entendimento (ou Fase da Lógica): dos 13 aos 15 anos
O intenso período de Conhecimento dura cerca de 3 anos e, quando acaba, o Conhecimento, é claro, continua a crescer e a se desenvolver, mas a capacidade de Entendimento, que vinha se desenvolvendo todo este tempo, emerge como o líder nesta corrida. Com uma ampla base de Conhecimento já alicerçada e o desenvolvimento do Entendimento chegando ao nível de maturidade, outra lâmpada se acende. A capacidade de Entendimento agora se torna uma onda crescente dentro de um período intenso, onde a capacidade e a habilidade de estudo acadêmico formal de conteúdos relacionados ao Entendimento são mais produtivas. Os jovens de 13 a 15 anos começam a desenvolver suas habilidades de raciocínio. Eles conseguem lidar com álgebra e geometria. Eles estão desenvolvendo o aparato crítico para o pensamento. Devem ser mais questionadores e analíticos. Suas mentes têm que ser treinadas para chegar a uma conclusão correta das coisas e para poder avaliar logicamente pressupostos e conclusões.
Quando a criança está neste nível, nós a ensinamos a habilidade de raciocinar, de criticamente questionar, analisar, avaliar e discernir causas, motivos, meios, propósitos, objetivos e efeitos, para examinar a teoria. O Entendimento é transmitido através de instrução, correção e exercícios. Desenvolvemos um vocabulário de relações, ordem e abstrações. Nosso ensino tornar-se-á mais sequencial e sistemático, separando os diferentes ramos de aprendizagem. Nosso objetivo é desenvolver competência nas ferramentas de investigação: análise, comparação e contraste.

O Nível de Sabedoria (ou Fase da Retórica): dos 16 aos 18 anos
O intenso período de Entendimento dura cerca de 3 anos e, quando acaba, o Entendimento, é claro, continua a crescer e a se desenvolver, mas a capacidade de Sabedoria, que vinha se desenvolvendo todo este tempo, emerge como o líder nesta corrida. Quando uma ampla base de Conhecimento e Entendimento foi alicerçada e as desenvolventes partes da Sabedoria chegaram a um nível de maturidade, então a terceira lâmpada se acende. A capacidade de Sabedoria se torna uma onda crescente dentro de um período intenso, onde a capacidade e a habilidade de estudo acadêmico formal de conteúdos relacionados à Sabedoria são mais produtivas. Jovens mais velhos (de 16 a 18 anos) começam a desenvolver suas habilidades de comunicação e aplicação prática. Eles buscam expressar, de modo criativo e efetivo, as coisas que aprenderam e a colocar estas coisas em prática.
Quando a criança está neste nível, nós a ensinamos as habilidades de julgamento prudente e de se expressar efetivamente através da comunicação e aplicação prática. A Sabedoria é transmitida através do encorajamento à iniciativa individual e inovação, de fazer perguntas e de liderar debates. Desenvolvemos um vocabulário de ideias e valores filosóficos. Nós começamos a reagrupar o conhecimento e as habilidades de separar disciplinas. Buscamos a aplicação de princípios, valores e objetivos.
O intenso período de Sabedoria dura 2 ou 3 anos e, quando acaba, a Sabedoria, é claro, continua a crescer e a se desenvolver, mas todas as três capacidades (Conhecimento, Entendimento e Sabedoria) que vinham se desenvolvendo todo este tempo, emergem como um conjunto plenamente desenvolvido de ferramentas.

O Nível (ou Fase) Final de Acabamento: Dos 19 anos em diante
Durante os próximos dois anos, como todas as capacidades mentais foram plenamente desenvolvidas, a capacidade moral da consciência, que vinha se desenvolvendo todo este tempo, é trazida à sua completa capacidade. Jovens adultos de 19 a 20 anos devem trazer estas capacidades em harmonia debaixo da capacidade moral da consciência. A capacidade de assumir responsabilidade deve estar plenamente desenvolvida ao completar a maioridade bíblica de 20 anos (Números 14.29, etc.). Naturalmente, todas as capacidades continuarão a crescer, mas as ferramentas básicas que serão utilizadas no decorrer da vida devem estar todas desenvolvidas agora.

Aplicando o Trivium às matérias
Esta mesma progressão (Conhecimento, Entendimento, Sabedoria) se aplica a muitas outras coisas. Por exemplo, cada matéria individual de estudo tem três níveis de desenvolvimento. Primeiro nós aprendemos os fatos, que é o Conhecimento. Depois de sabermos uma quantidade considerável de fatos, começamos a descobrir a conexão entre eles, que é o Entendimento. E depois de sabermos uma quantidade considerável de conexões entre os fatos, criamos maneiras de se expressar e fazer aplicações dos fatos, que é a Sabedoria.

Disfunções
Se falharmos em desenvolver adequadamente uma capacidade ou, eventualmente, colocar todas as capacidades em equilíbrio, criaremos uma disfunção da aprendizagem. O Conhecimento é o mais básico de todos. Sem o Conhecimento de um assunto não podemos continuar a construir um Entendimento apropriado ou desenvolver Sabedoria no assunto. Da mesma forma, o desenvolvimento inadequado do Entendimento prejudicará a Sabedoria e, também, a capacidade de buscar o Conhecimento. Finalmente, um desenvolvimento inadequado da Sabedoria prejudicará a busca do Conhecimento e do Entendimento. Por exemplo, se falharmos em ensinar as habilidades fônicas básicas, iremos artificialmente causar a dislexia (inabilidade de ler bem). Se falharmos em ensinar as habilidades lógicas básicas, iremos artificialmente causar o que chamamos de dislogia (inabilidade de raciocinar bem). Se falharmos em ensinar as habilidades básicas de se expressar e de fazer aplicação prática, iremos artificialmente causar o que chamamos de dyssophia¹ (inabilidade de exercer um bom julgamento).

Resumo
Em resumo, as capacidades de Conhecimento, Entendimento e Sabedoria não são pequenos compartimentos bonitinhos com portas fechadas entre eles. Antes, todas elas se desenvolvem ao mesmo tempo bem desde o princípio, ainda que cada uma delas passem por sucessivos períodos de intenso desenvolvimento, até que elas finalmente se emparelhem umas às outras e trabalhem harmoniosamente juntas. Estas faixas etárias são apenas aproximadas e sua criança pode estar em ambos os lados da linha.
Para resumir tudo em uma única frase: Primeiro instruímos a criança no Conhecimento, depois orientamos o jovem no Entendimento, e depois desafiamos o jovem mais velho na Sabedoria.

* Êxodo 31.3; 35.31; 36.1; Deutoronômio 1.13,15; 1 Reis 7.14; Jó 15.8-9; Provérbios 2.6; 3.19,20; 5.1,2; 8.12; 18.15; 23.23; 24.3,4; Daniel 1.4,17; 5.14; Efésios 1.8,9,17,18; Colossenses 1.9,10; 2.2,3; e muitos outros lugares.

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¹ Neologismo da língua inglesa sem termo correspondente em português. É formada do grego pelo prefixo dys (dificuldade; falta, privação, mau estado) e pela palavra sophía (sabedoria, saber, ciência).

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